EM SUA SEGUNDA SEMANA, A 31ª BIENAL DA ARTE, CONFRONTA O
PÚBLICO COM QUESTÕES EXISTÊNCIAS E VISÍVEIS, E POR TRADIÇÃO NOS FAZ REFLETIR
SOBRE O QUE É ARTE E SEU ESPAÇO NA SOCIEDADE
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"Turning a Blind Eye", uma espécie de outdoor no desafia logo na entrada do pavilhão na Área Parque A, lê-se: "Se não mudarmos logo de direção acabaremos chegando aonde vamos" |
Distante das ruas, em um pavilhão imenso no núcleo do prestigiado parque do Ibirapuera, fica em exposição até 7 de dezembro a 31ª bienal da arte. Esse ano com um título que se transforma em cima do conceito “Como (...) coisas que não existem”, se formam poesias filosóficas e visuais, não só pelas obras, mas também pela interação e discussões que surgirem no contato de tudo com tudo. “O título da 31ª bienal de são Paulo é uma invocação poética do potencial da arte e de sua capacidade de agir e intervir em locais e comunidades onde ela se manifesta.O leque de possibilidades para essa ação e intervenção está aberto – motivo da constante alteração dos primeiros dois verbos no título.”
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"Letters to be Reader" no andar B2 Área Rampa |
Entre tantas questões fundamentais que a exposição explora,
pensemos também nessa diferenciação da arte, o que é elitizado e
supervalorizado como verdadeira cultura, enquanto a produção independente das
ruas ainda é subjulgada e sofre discriminação e desvalorização, como se não
tivesse também o direito de existir. Não é direito nosso classificar o que é ou
não arte, nem o que merece ou não esse título, toda arte tem um propósito, de
existir essencialmente. Vermos obras em um museu com um olhar vazio não é
reconhecermos arte, e se nos importamos em evoluir nosso intelecto para
reconhecer reflexões que uma imagem nos desafia a ter, então que desenvolvamos
também a sensibilidade de valorizar a humildade e simplicidade como forma de
expressão, o que encanta nas ruas existe tanto quanto obras em um museu, cada
qual com seus objetivos, podemos descobrir, como valorizar toda arte que existe
ao nosso alcance, sob nossos olhos para serem reconhecidas.
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"Capital" B2 Área Rampa, casal observa atentamente a obra, um exercício de ver |
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Mais um casal assiste à um dos diversos vídeos espalhados pela exposição, que convidam o visitante à pequenos "mergulhos", parar e compreender, ou pelo menos tentar |
Concluindo o raciocínio, cito mais um trecho do texto contido no folder de apresentação da 31ª Bienal,
“A imaginação é vista como uma ferramenta para ir além da
nossa situação atual, transformando-a: a arte tem a capacidade de ser perturbadora
e de criar situações nas quais o recusado é reconhecido e valorizado pelo ato
de imaginar as coisas de forma diferente. Por sua vez, a transformação pode
então ser entendida por meio de obras que apresentam o potencial de mudança,
agindo contra a imposição de uma única e absoluta verdade.”
O preconceito e discriminação, a classificação coisificada das minorias é a existência que se deveria questionar. A valorização das ideias e o respeito pelas formas de expressão, o que cabe a cada um de nós como arte, como nossa obra, deve alcançar aceitação justa. Não é necessário cairmos de paixão por tudo que vermos, mas ao menos respeitar o espaço de existir e reconhecer seus papéis em cada contexto, já é um ótimo começo.“Ao longo desses encontros, dentro e em torno da 31ª bienal,
as coisas que não existem podem ser trazidas à existência e, assim, contribuir
para um mundo diferente.”
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